Quando compramos um alimento industrializado, principalmente das
grandes empresas do ramo alimentício, temos uma boa certeza de que
estamos consumindo um produto de qualidade. As grandes empresas têm como
um de seus maiores bens, o nome e as suas marcas. Qualquer problema
com um de seus produtos e que atinja o consumidor pode destruir em pouco
tempo uma confiança que demorou décadas para ser construída. Qualquer
erro pode levar uma indústria à falência, principalmente em uma época
onde quase todos os habitantes do planeta estão conectados à Internet.
Por conta da importância da Internet, as empresas têm cadastrado todos
os seus fornecedores de matéria-prima, os produtores rurais. Seus
produtos são analisados rigorosamente antes de entrarem na linha de
produção. Caso algum problema de contaminação seja detectado, a
matéria-prima é imediatamente descartada. Nas embalagens são descritas
diversas informações sobre o produto, desde a composição, passando o
valor nutricional, conservantes, entre outros. Se as dúvidas
persistirem, ainda há um telefone para contato, como o Serviço de
Atendimento ao Cliente (SAC). Além de tudo, fiscalizações periódicas são
realizadas em suas dependências pela própria empresa e por órgãos dos
governos. Alguns alimentos apresentam em suas embalagens o selo do
Serviço de Inspeção Federal, a SIF, comprovando que o produto passou por
fiscalização sanitária.Mas, existem alimentos que o consumidor adquire
sem ter a mínima ideia da sua composição, de sua origem ou de como foi
produzido. São os produtos que consumimos in natura, principalmente os
produtos hortícolas, também chamados de olerícolas. São produzidos por
milhares e até mesmo milhões de pequenos produtores rurais espalhados
pelo país, que têm nesta atividade a sua única fonte de renda e que
trabalham sem a assistência técnica de um profissional das ciências
agrárias, utilizando apenas o conhecimento transmitido por seus pais e
seus avós. Esse tipo de profissional pouco considera a avalanche de
inovações tecnológicas que são disponibilizadas como fertilizantes e
agrotóxicos.
O uso errado de um fertilizante ou um agrotóxico, a
realização da colheita sem respeitar os seus prazos, dentre outros
fatores, pode disponibilizar nas gôndolas dos mercados uma verdadeira
bomba tóxica e que pode, a médio ou longo prazo, comprometer a saúde do
consumidor. Mas a pergunta é: quem produziu aquele alimento? Afinal, os
caminhos do campo até a mesa são longos começando no produtor rural,
passando pelo atravessador, pelos Ceasas, pelos mercados até chegar a
sua mesa. Fazer este caminho inverso é praticamente impossível. Apesar
dos Estados possuírem órgãos fiscalizadores, é muito difícil realizar a
fiscalização no campo, considerando o grande número de pequenos
produtores e as grandes distâncias.
O sistema de rastreabilidade
dos alimentos não processados é de extrema importância. Isso porque,
caso ocorra o surgimento de problemas em relação à qualidade do
alimento, ele pode ser identificado, assim como o seu produtor. Dessa
forma, a fiscalização poderá atuar de forma mais eficiente e pontual,
principalmente na orientação do agricultor em relação ao alimento que
está produzindo e esclarecendo sobre os riscos de
contaminação.Infelizmente, o sistema de rastreabilidade dos produtos
hortícolas no Brasil ainda é muito incipiente. O que todos deveriam
considerar é que o país é amplo e um dos maiores consumidores de agrotóxicos do
planeta.
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