Estão querendo reformular a lei dos agrotóxicos.
O Projeto de Lei 6299/02 muda de forma significativa diversos aspectos da
antiga lei, mais restritiva em relação ao registro e uso de agrotóxicos no
país. A primeira grande mudança está no próprio nome: agrotóxico. Querem mudar
para defensivo fitossanitário e produto de controle ambiental. Sou Engenheiro
Agrônomo e, tecnicamente, seria uma mudança correta, mas em um país onde as
leis não são consideradas em muitos casos, teríamos, com certeza, um grande
problema. Nenhum agrotóxico pode sair da revenda sem a emissão do receituário agronômico
emitido por um Engenheiro Agrônomo. Até este ponto poucas são as infrações cometidas,
mas quando o produto sai da loja para ser utilizado pelo agricultor no campo,
infelizmente, começam os problemas. O uso dos agrotóxicos no campo também
necessita de acompanhamento técnico, um responsável técnico para que o descrito no rótulo do produto e no receituário
seja realmente aplicado, mas na prática, na grande maioria dos casos, isto não acontece.
Leigos manipulam produtos químicos de alta toxidade no campo de forma
descuidada e aleatória, por conta do desconhecimento das implicações do mau uso
dos agrotóxicos tanto para sua própria vida quanto para as questões ambientais
e a saúde do consumidor final. A palavra
agrotóxico assusta, mudando até mesmo o comportamento de alguns em relação ao
seu manuseio. A mudança para produtos fitossanitários pode promover um
relaxamento coletivo natural em relação aos produtores que usam de forma
constante estes produtos químicos, com a saída do nome “tóxico” do
produto. Podemos comparar o
comportamento do agricultor com o comportamento de pessoas que possuem vários
parceiros sexuais. Quando a imprensa iniciou a divulgação sobre o vírus da
Aids, a sua transmissão e que poderia levar as pessoas a morte, a recomendação
do uso de preservativos foi unanime e a sua adoção também, acarretando na queda
do número de casos. Quando se noticiou na imprensa a “possível” descoberta de
uma vacina para esta doença, o relaxamento voltou com a redução do uso de
preservativos e aumento dos casos de Aids.
Diferente dos remédios que são vendidos nas
farmácias nas doses e concentrações diluídas pré determinadas, os agrotóxicos são
vendidos concentrados, necessitando ser diluído nos tanques antes de sua
aplicação. Infelizmente, não acredito que estamos preparados culturalmente para
esta mudança. O nome agrotóxico deve permanecer pois os agrotóxicos são manipulados
por um grupo da população do meio rural onde a grande maioria não apresenta nível
de instrução suficiente para entender a gravidade do manejo errado deste
produto, para ele, para a sociedade e para o meio ambiente. No próximo artigo
vamos comentar sobre os demais pontos desta polêmica mudança.
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