Somos um país rico e pobre ao mesmo tempo. Somos
ricos em recursos naturais. Os nossos solos são totalmente aptos as atividades
agropecuárias, o clima é favorável e para todos os gostos, desde o calor eterno
da região Norte/Nordeste até muito frio e porque não, neve na região Sul, sem
contar o Centro Oeste com suas grandes planícies e um pantanal rico em biodiversidade.
Mas, toda esta abundância de recursos naturais nos tornou uma nação acomodada.
Assim como no nosso período colonial, ainda somos grandes exportadores de
produtos básicos e primários, produtos de baixo valor. Exportamos uma tonelada
de milho a 700 reais e compramos remédios que custam 10 mil reais a dose e que não
pesa mais de uma grama. A cultura do “desenvolvimento” brasileiro não passa pelo
nosso desenvolvimento tecnológico, mas pela importação da tecnologia. Quando
uma empresa renova seu parque industrial ela importa os equipamentos,
considerando mais rápido e vantajoso do que investir no desenvolvimento da
tecnologia aqui no Brasil. Mais de 90% dos investimentos em ciência e
tecnologia estão na América do Norte, Europa e Ásia e deste montante cerca de
70% é bancado pelo setor privado enquanto no Brasil, a maior parte dos recursos
vem do setor público. Dados de 2013 mostram que os Estados Unidos são os
maiores investidores em ciência e tecnologia, em relação ao montante total.
Investem 2,8% do seu PIB (Produto Interno Bruto), um montante de 450 bilhões de
dólares. O Japão investe 3,4% do PIB ou 163 bilhões de dólares. A Alemanha 2,8%
do PIB com um montante de 92 bilhões de dólares. O Brasil investiu apenas 1,3%
do PIB e um montante de 31 bilhões de dólares e com a crise que teve início em
2015, os investimentos caíram muito mais. Esta é a nossa diferença para os países
desenvolvidos. A educação é outro ponto chave do desenvolvimento, mas que será
abordado no próximo artigo.
Apesar de algumas leis de estímulo ao
investimento em ciência e tecnologia no Brasil criadas nos últimos anos, as
empresas apresentam uma clara tendência em optar pela importação de tecnologia e
a nossa balança comercial mostra isto. Apesar do nosso superávit na balança
comercial de 67 bilhões de dólares em 2017, quando comparamos apenas os produtos
de alta tecnologia, a balança é deficitária em mais de 68 bilhões de dólares. Exportamos minério de ferro para a China e
importamos de lá carros e vagões de trens. Enquanto não mudarmos a nossa
mentalidade de colônia fornecedora de insumos primários, continuaremos a ser
tratados no exterior como sub desenvolvidos da terra do carnaval, da violência e
do turismo sexual.
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