Aprendemos na escola que o Brasil possui 13% de
toda a água doce superficial do planeta. Parece muito, mas não é. A água doce
corresponde apenas a 3% da água total e desta porcentagem, 0,5% está em rios e lagos e 13% disto é nosso,
é do Brasil. Resumindo: temos muito de nada. E para piorar ainda mais a
situação, 80% desta água está na região Norte, na Amazônia. As regiões mais
populosas do Brasil, o Sudeste e o Nordeste são exatamente as que possuem os
menores volumes de água superficial. Estas regiões também apresentam
distribuição das chuvas muito irregular durante o ano com altos índices pluviométricos
que permanecem por poucos meses, com o restante do ano praticamente sem chuva. Associado
a estas informações não muito boas, são as regiões que apresentam os maiores índices
de degradação ambiental envolvendo o desmatamento e a erosão dos solos. Além de
todos estes problemas, segundo o Sistema Nacional de Informação sobre
Saneamento, o SNIS, 65% de todo nosso esgoto bruto é despejado dentro dos rios
e córregos, contaminando as águas e os animais aquáticos, impedindo que nossos
mananciais hídricos possam ser utilizados como áreas de lazer e diversão. E
exatamente esta água é captada e tratada para abastecimento de nossas
residências, ou seja, literalmente estamos bebendo a água negra que saiu de
nossas privadas com fezes e urina e foi direto para os rios. É claro que ao
chegar nas estações de tratamento, a agua é tratada e desinfectada com cloro,
mas a origem....
Após décadas da falta de gestão pública e planejamento
do uso dos recursos hídricos, de descaso com o ambiente e o uso indiscriminado
da água atingimos o clímax do estresse com o racionamento de água para a população.
Apesar da existência há mais de 20 anos da Política Nacional de Recursos
Hídricos (Lei 9433 de 1997), a sua execução está longe de ser realidade. Existem casos de sucesso no Brasil pela sua
implementação, mas ainda é muito pouco perto do tamanho do nosso problema
hídrico. Mais do que recursos, falta vontade política para mudar este quadro
preocupante que vivemos. Enquanto isto, vamos vivendo sobre a negra sobra do
racionamento.
2 comentários:
Achei que aquela obra que desvia parte do paraopeba para os reservatórios de BH fosse suficiente para 20 anos.
Alternativa importante por conta do crescimento populacional, de consumo e redução da vazão...
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