Ser produtivo, desenvolver a agricultura, a pecuária, a indústria, gerar
trabalho e renda, investir em infra estrutura básica, melhorar a qualidade de
vida da população e, paralelo a tudo isto, proteger e recuperar o meio ambiente.
Temos diante de nossos olhos uma equação complexa, difícil de resolver, mas não
impossível. Toda a atividade econômica, obviamente, deve ser rentável aos seus proprietários e
acionistas mas, não pode estar dissociado
da qualidade de vida e da renda
de seus funcionários, seus familiares,
das comunidades próximas que são
impactadas diretamente pelas suas atividades, do meio ambiente, sempre muito
impactado pelos sistemas produtivos e
dos impostos que, teoricamente, são revertidos para o benefício do Estado e da
Nação. Mas como as empresas associam o seu
faturamento com a efetivação de várias destas ações, elas dependem da
oscilação dos valores dos seus produtos no mercado interno e
externo, das variações das taxas de câmbio, do preço da matéria prima além de
outros fatores de menor peso. Dentre estes diversos aspectos, a ponderação da
empresa sob a tutela e fiscalização do Estado devem ser integradas e
discutidas visando os ganhos financeiros
do empregador, dos empregados, os ganhos sociais das comunidades e os ganhos
ambientais.
Vamos analisar o exemplo da mineradora Samarco. A maior tragédia
ambiental mundial causada por uma
mineradora que apresentou um lucro líquido em 2014 de R$ 2,8 bilhões. Os
investimentos na prospecção, extração, tratamento e transporte do minério são
elevados e de alta tecnologia, visando uma exploração mais eficiente, mas o
sistema de deposição dos rejeitos é o
mesmo de décadas atrás ou, séculos. Onde estão os estudos e a implantação de projetos de
reaproveitamento de rejeitos? Comparando
os custos de implantação do saneamento básico de todas as cidades da bacia do
Rio Doce em relação a coleta e tratamento de esgoto e construção de aterros
sanitários com o lucro líquido da empresa em um único ano levamos um susto. O
custo estimado para sanear a bacia do Rio Doce está em torno de 1,5 bilhão de
reais, quase a metade do lucro líquido total da empresa em 2014. Por conta da falta de investimentos em
pesquisa e desenvolvimento de aproveitamento de resíduos, a empresa agora irá gastar
algo em torno de R$ 20 bilhões para recuperar a bacia, realizar a compensação
ambiental e ressarcir os danos causados as populações. Imaginem se existisse
uma política adequada na empresa para uso do rejeito como matéria prima para
processos produtivos. Dez por cento do dinheiro que eles irão gastar para tentar
voltar a situação anterior a tragédia já seria o suficiente para sanear toda a
bacia.
O nosso atual sistema desenvolvimentista e capitalista baseado em lucros exorbitantes e deficiência de
investimentos em tecnologia industrial precisa de mudanças urgentes para
deixarmos de ser considerados uma mera colônia fornecedora de mão de obra e
recursos naturais.
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