Acredito que
a grande maioria das pessoas já ouviu a seguinte frase: “o que distingue o
remédio do veneno é a sua dose”. Se um médico prescreve um remédio controlado
em determinada dose ela deve ser seguida para que o seu uso possa trazer
benefícios. Temos os seus efeitos colaterais que, dependendo do paciente, podem
surgir promovendo até mesmo a suspensão do seu uso. Caso seja utilizada dose
abaixo do recomendado não teremos o efeito do remédio e se forem utilizadas muito
acima do recomendado podem causar grandes danos à saúde ou levar até mesmo a
morte. Neste caso quem seria o vilão da história? O médico que prescreveu o
medicamento de forma correta, o remédio que está ali para melhorar e até mesmo
salvar a sua vida ou o usuário que não utilizou da forma adequada? No caso do
agrotóxico ocorre da mesma forma: o Engenheiro Agrônomo que recomenda; o
produto químico que é adquirido no mercado e o produtor que deve utilizar na
forma recomendada. Temos ainda um outro agravante: enquanto o remédio utilizado
de forma inadequada pode comprometer a vida de uma pessoa, o agrotóxico utilizado
inadequadamente pode comprometer e trazer sequelas a vida de milhares de
pessoas que consumiram aquele alimento.
O Brasil é
um país essencialmente agropecuário e o maior exportador mundial de produtos
oriundos das atividades agropecuárias. Associados a isto temos um clima quente
e úmido com o cultivo sendo realizado por todo o ano, diferente dos Estados
Unidos e Europa que são limitados pelo clima, principalmente com os invernos
rigorosos. Nestas condições podemos afirmar que é praticamente impossível
cultivar extensas áreas e obter altas produtividades sem o uso de produtos
químicos para controle de pragas, doenças e plantas invasoras. E mesmo com o
uso dos agrotóxicos durante o sistema de produção das culturas, os produtos
agropecuários do Brasil quando exportados, são rigorosamente analisados em relação
a contaminantes químicos antes do desembarque no país de destino. Caso seja
identificado algum produto acima do permitido a carga não entra no país. Ou
seja, o agrotóxico é utilizado no campo e ao final, na colheita, o produto já
deverá estar totalmente degradado, sem resíduos. Infelizmente não temos este
mesmo controle rigoroso para a comercialização no mercado interno.
Nas
pequenas propriedades rurais a implantação da agricultura ecológica, sem uso de
agrotóxicos, é perfeitamente viável mas complexo, sendo importante a
assistência técnica de um profissional da área para orientação pois diversos
aspectos devem ser considerados como redução da produtividade das culturas,
aspecto dos produtos e comprometimento da sustentabilidade financeira da
família. Outro ponto importante está na fiscalização dos produtos orgânicos pois
muitos agricultores vendem produtos como orgânicos mas que na prática foram
cultivados de forma convencional. No próximo artigo vamos conversar sobre os
verdadeiros problemas do uso de agrotóxicos para o pequeno e o grande produtor rural.
Um comentário:
O que é veneno para nós consumidores, é remédio para a planta. Cuida da saúde da planta.Obrigada por este artigo, professor.
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