quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

As mineradoras e o descaso com as pesquisas científicas

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Todos que trabalham com ensino superior nas universidades, professores, alunos de graduação, mestrado, doutorado e pós doutorado, pesquisadores de centros de pesquisa público ou privado, dentre outros  que trabalham com pesquisa e desenvolvimento tecnológico estão constantemente se atualizado em relação as novidades do desenvolvimento tecnológico nas suas áreas, consultando artigos científicos, dissertações, teses, relatórios de pesquisa e até mesmo, alguns excelentes trabalhos de conclusão de graduação, os famosos TCCs. Muitas informações ficam disponíveis na web para consulta dos que tem interesse em suas áreas de desenvolvimento.
Fazendo uma pequena varredura no sistema de informações científicas, deparei com inúmeros trabalhos científicos além de dissertações de mestrado e teses de doutorado abordando o tema rejeitos da mineração, sendo a grande maioria sobre caracterização e reaproveitamento destes resíduos para diversas finalidades, principalmente a construção civil. Muitos deles, com certeza, poderiam ser transformados em projeto piloto para verificação de sua viabilidade técnica e econômica e posterior aplicação no mercado. São projetos de fabricação de tijolos, casas, leitos de estradas, dentre outros, todos envolvendo o uso dos rejeitos de mineração. Todos projetos desenvolvidos dentro de nossas universidades e centros de pesquisa. Mas temos um gargalo sério que é o interesse das empresas nestes projetos. Geralmente as grandes empresas, incluindo as mineradoras investem em tecnologia de produção de exploração mas quando apresentamos projetos envolvendo seus resíduos a grande maioria não tem interesse porque demandará gastos sem retorno econômico. Desta forma, elas se limitam a cumprir a nossa legislação que é falha e que autoriza, por exemplo, a construírem barragens a montante para deposição de seus rejeitos que são verdadeiras bombas prestes a explodir como podemos verificar em Minas Gerais e suas  oito barragens de rejeitos que se romperam nos últimos 15 anos.
Dificilmente uma empresa mineradora apoia e aplica resultados de projetos produzidos em universidades referentes a trabalhos com seus resíduos. Muitas vezes para nós pesquisadores fica difícil até mesmo conseguir os resíduos para desenvolvermos as pesquisas. Passou da hora das universidades, os representantes das empresas, a Federação das Indústrias de Minas Gerais, a Assembléia Legislativa de Minas Gerais, sentarem a mesa para discutir os rumos que queremos para os resíduos industriais, principalmente os da mineração aqui em Minas Gerais. Centenas já morreram por conta deste descaso e milhares vivem no interior do Estado como refém do medo sem saber qual será a próxima barragem a romper e ceifar mais vidas.

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