O rio Tâmisa, um dos cartões postais que atravessa a
Inglaterra e a sua capital, Londres, sempre foi motivo de vergonha para os
moradores. A situação de poluição é antiga, desde o século XIX, nos anos de
1800. Naquela época o rio era chamado pelos habitantes da terra da Rainha
Elizabeth de “o grande fedor”. A
situação de agressão ambiental perdurou por várias décadas, a ponto de ser
declarado “biologicamente morto” pelas autoridades inglesas. A partir da
segunda metade do século passado as autoridades inglesas resolveram tentar
reverter este quadro de extrema poluição do rio iniciando o processo de
despoluição do seu leito, um caminho longo, de muito trabalho e principalmente,
de elevado gasto financeiro. A melhora
lenta e gradual da qualidade das águas do rio já é visível, principalmente com
a observação de inúmeros animais marinhos que haviam desaparecido da região por
conta da poluição. Golfinhos, botos e até mesmo uma baleia bico de garrafa já
foi observada próximo a Londres. Os
biólogos estimam que cerca de 670 focas comuns vivam no estuário, sem contar as
inúmeras focas cinzentas. A presença destes grandes animais na região é um
indicativo de que os estoques pesqueiros aumentaram significativamente na
região.
Estas informações mostram que, mesmo em situações
extremas de poluição, aparentemente irreversíveis, com uso adequado da
tecnologia, vontade política e recursos financeiros é possível reverter quadros
de degradação ambiental extrema. Outros
rios pelo mundo já foram totalmente recuperados, como o rio Cheonggyecheon, em Seul,
que era totalmente poluído e hoje é uma das áreas de lazer da capital sul
coreana, rico em áreas verdes e águas cristalinas. O projeto desenvolvido no
rio é referência mundial em humanização de cidades, não apenas pela despoluição
das águas mas também pela construção de parques lineares que otimizaram o
contato das margens com os moradores. Seul é a sétima maior cidade do mundo em
número de habitantes com cerca de 10,3 milhões de pessoas. Mesmo com o seu grande porte e pressão de
urbanização foi possível recuperar a sua estrutura. Uma outra melhoria
ambiental extremamente importante que ocorreu na região: a temperatura média na
área do canal reduziu, em média 3,6º C em relação as outras áreas da cidade.
Enquanto os sul coreanos e os
ingleses revitalizam seus mananciais de água, no Brasil continuamos a usa-los
como esgoto e lixeira. Situações de poluição como ocorre no rio Paraíba que tem
seu curso passando pelos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro;
do rio Pinheiros e rio Tietê em São Paulo são inconcebíveis, considerando o
grande déficit hídrico que os maiores estados do Brasil tem passado nos últimos
anos. Infelizmente no Brasil, falamos muito, discutimos muito, idealizamos
muito mas, quando avaliamos a prática de implantação dos projetos, verificamos
que ela não existe, ou se existe, são ações muito frágeis e incipientes. O país
deveria reavaliar a sua postura em relação aos recursos hídricos do nosso
território agindo de forma mais efetiva e eficiente na recuperação destes
recursos. Se nem mesmo o efeito olimpíada foi suficiente para estimular os
governos a despoluir a baia de Guanabara, então o que realmente poderia motivar
os nossos políticos a promover a recuperação dos nossos recursos hídricos?
2 comentários:
Meus respeito e meus cumprimentos pelo post. Difícil encontrar algo realmente mais urgente que trabalhar com ciência e determinação para mobilizar as pessoas, geralmente tão ocupadas por outros interesses, do que iniciar a recuperação dos recursos hídricos.
Sempre esperamos que alguém faça, alguém comece, alguém lute; tolice. Todos podemos fazer alguma coisa. basta começar.
Com certeza companheiro....todos nós temos que nos envolver e participar não apenas cobrar..
Saudações....
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