Há alguns anos atrás fomos procurados por uma
empresa. A empresa recolhe ácido sulfúrico de baterias usadas e procurava uma
alternativa para seu uso. Após algumas pesquisas descobrimos que as empresas de
celulose produzem a lama de cal como resíduo do processo de fabricação. Após vários
ensaios e reações químicas chegamos ao gesso agrícola que além de atuar como
condicionador de solo atua também corrigindo alguns outros fatores químicos do
solo em substituição parcial do calcário. Mas vamos ao que interessa: a
tecnologia hoje está patenteada e a empresa Antares Ambiental do Paraná está
produzindo e comercializando o Ecogesso® marca registrada pela empresa e
comercializada no interior do Paraná e de São Paulo. Atualmente
ajustamos o modelo de produção para gesso de construção civil que também está
patenteada. Dois resíduos industriais sendo utilizados para a geração de novos
produtos. Este é apenas um dos exemplos do trabalho do Grupo de Pesquisa
Reaproveitamento de Resíduos Industriais onde já desenvolvemos outras
tecnologias para empresas em relação ao reuso de seus resíduos que tinham como
destino os aterros industriais.
O país tem milhares de pesquisadores capacitados para o desenvolvimento
de novas tecnologias. Eles estão espalhados pelas centenas de Universidades
Federais, Estaduais e até mesmo nas instituições privadas, assim como nos
centros de pesquisa com laboratórios estruturados e equipados. Mas o que vemos são
as empresas buscando estas tecnologias no exterior. Priorizam investir fora do
Brasil em busca do desenvolvimento tecnológico. A nossa balança comercial é o
reflexo deste comportamento. O saldo da balança comercial para produtos de
tecnologia é altamente negativo, ou seja, compramos muito mais produtos tecnológicos
do que vendemos para o exterior. O Brasil precisa de leis mais eficientes
visando fortalecer a parceria público privado no campo da ciência e tecnologia.
O Brasil é um dos países onde a
iniciativa privada menos investe neste setor, com as pesquisas altamente
dependentes dos recursos do setor público, diferentemente dos tigres asiáticos
onde a iniciativa privada investiu pesado no desenvolvimento tecnológico. Enquanto
exportamos uma tonelada de soja a mil reais, importamos uma dose de vacina de
poucas miligramas a dez mil reais. Esta é a diferença de um país com alto desenvolvimento
tecnológico para um país que produz produtos de baixo impacto tecnológico. Esperamos
que o nosso próximo presidente reveja suas prioridades no setor da ciência e da
tecnologia.
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